terça-feira, 9 de março de 2010

Das ist mein Vater, meine größte Liebe.*

 Meu pai, fotografado pelo meu irmão em julho de 2009.


Lá está ele sentado num final de tarde ensolarado de inverno. Com sua camisa de lã uruguaia que a mim sempre pareceu um casaco. Mas ele afirma que é camisa. Com seus óculos de lentes fotocromáticas, que ele demorou a se convencer em usar.
Depois de tanto tempo, não me canso de olhar pra ele. Não canso de lembrar de toda a história de luta. Não esqueço das conversas e das filosofias simples que me acompanham pela vida. Do ciúme, da proteção e do mimo escancarado que até hoje se destinam a mim.
Não tenho como não admirá-lo. Força e fibra sempre foram suas companheiras. E a sensibilidade escondida em pequenas frases para não perder a macheza até hoje me comovem.
E essa mania de mexer nas mãos. Nessas mesmas mãos que já trabalharam duro (e ainda trabalham), que carregaram toda sorte de equipamentos e engrenagens, que já sofreram tantos cortes e ferimentos.
As cicatrizes estão todas lá. E arranham um pouco quando ele passa a mão no meu rosto pra fazer carinho. Assim como o peso de uma mão que muita enxada já ergueu muitas vezes é sentido naquelas brincadeiras inocentes que envolvem “tapinhas” e risadas.
Desconheces a tua força, pai. Desconheces a tua força. E aqui nem falo da tua força física mais. Falo da fortaleza que se instaura ao teu redor. Falo da garra em enfrentar os problemas de frente. Refiro-me à sensação de bem estar que tu passas só de ficar um pouco ao meu lado.
E agora tu ficas aí sentado, calmamente tomando sol, depois de mais um dia de ensinamento e aprendizado. E te deixa fotografar pelo teu filho caçula só porque ele gosta de brincar de ser fotógrafo. E te deixa descrever pela tua filha mais velha só porque ela gosta de brincar de ser escritora.
Por quê? Talvez porque nossos sonhos te realizem de alguma forma. Porque sempre priorizaste a nossa felicidade, independentemente do que a gente decidiu fazer/ser/inventar/experimentar.
Um pouco de ti está em mim, pai. As pessoas falam ser muito mais que ‘um pouco’. E o teu modo de respeitar as minhas escolhas faz com que eu te ame cada dia mais e mais. Não tenho muito que te dizer, além do que já te disse e digo em qualquer oportunidade que surge.
Pra hoje (09/03):
Feliz aniversário, pai.
Te amo pra caramba.
Beijo meu.
* "Este é meu pai, meu amor maior." (relembrando minhas aulas de alemão)

8 comentários:

Letícia Alves disse...

Felicidades sem fim!
Muitos anos de vida!
Vida longa ao seu pai!=)
Fiquei emocionada!
Beijos Tempestuosos!

Viiii disse...

Parabéns ao seu pai! E parabéns à vc! Não só por seu belo texto como por demonstrar através de um texto como esse o quanto és uma boa filha..
Beijão

Ilaine disse...

Hallo, Mary!
Wie wunderschön. Ich liebte mein Vater genau so sehr... Also, zum Geburtstag deines Vaters, herzlichen Glückwunsch!

A propo, ich finde es super, daß du dein Deutsch übst!

Alles Gute... und bis bald!

Antônio Dutra Jr. disse...

Que orgulho, hein... E dos dois!

Gosto muito de escrever sobre as pessoas que amo na minha família, e fiquei emocionado com essa tua belíssima homenagem.
Ao mesmo tempo, que dádiva terei se, um dia, um filho meu sentir a metade do que tu sente pelo teu pai. Lindo demais.

Beijão!

BLOGZOOM disse...

Eu tenho muitas saudades do meu velho pai (era assim que ele se denominava para mim), meu amigo.

Parabens a voce, parabens a ele.


beijos

Camila disse...

Aii que delícia saber que não são todas as pessoas que sentem vergonha de dizerem o quanto amam os pais! Tenho tanta dó dessas pessoas que tem vergonha de dizer o quanto ama os pais.
PArabéns para seu pai e parabéns pelo seu post foi emocionante!
beijão

Pensando disse...

Pois é moça...o meu está com 82 anos. Ainda lúcido, mas cambaleante ao andar, por excesso de peso, mas quem lhe negaria toda a comida que quer comer? Hoje lhe devolvo um pouco de cuidados, sem alarde e sutis, embora saiba que ele percebe.
Mas conserva o orgulho de quem ainda é patriarca. Ama seus descendentes, e negocia consigo mesmo, todos os dias, uma maneira de entregar-se finalmente aos cuidados de quem criou sem aparentar fragilidade. Quando me olha, sinto que analisa, e talvez, como a música do Cesar Passarinho, pergunte se talvez tenha feito alguém " igualzinho ao Pai ". Daqui há pouco será minha vez.
Beijo menina
E faça o seu saber que você o ama.

Alex disse...

Mary, que lindo texto, que lindo presente de aniversário! Parabéns ao homem das mãos feridas e trabalhadoras que usa camisa-uruguaia-que-parece-casaco. hehe :) Lindas fotos; o sol dessa hora é bom, pelo menos me parece aqui - eu, que nem gosto de sol, hein.

Parabéns a esses filhos talentosos, of course. E um beijão nessa família bonita.

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