sábado, 21 de junho de 2008

Nas nuvens...

Enquanto aguardava o vôo da conexão, notei aquele cara que saiu do mesmo destino que eu e que passou as horas em que aguardei o atraso do vôo na mesma sala de embarque comigo.
Na verdade, eu já havia botado o olho nele lá em BH mesmo. Não tinha como não reparar. Que corpo lindo ele tinha! O rosto também era bonito. E como era alto! Imaginei que praticasse algum esporte... e com freqüência! Pensei ainda no frio que ele iria sentir assim que descesse em Porto Alegre. Aquela blusa fina o faria congelar. Tadinho...
Resolvi parar de olhar porque ele acabaria percebendo. Então, afundei os óculos no meu recém adquirido "Evolution in Four Dimensions" (livro que eu procurei por um tempão), mas era difícil ler se não conseguia parar de analisar o cara.
Sempre gostei de homens morenos...

"Gosto de mãos, de pele, de pescoço e olhos também. E as mãos dele são lindas, grandes, fortes..."

A pele era lisa, parecia até que era tratada com mil cosméticos. Os olhos eu não ousava olhar. Nem o pescoço.
Voltei ao livro, mas era só pra disfarçar. Era de modo teatral que eu folhava as páginas com cara de quem estava compenetrada.
Nem percebi que ele se moveu e, quando levantei os olhos para procurá-lo no lugar em que estava antes, não o achei mais. Fiquei buscando de um lado para o outro até onde meus olhos alcançavam, mas ele havia sumido.
Foi quando chamaram o vôo e eu me dirigi ao portão de embarque. Entrei rápido pois, como os lugares não estavam marcados, pude ir direto pros assentos das saídas de emergência (são mais espaçosos e me dão mais liberdade - não que eu precise de tanto espaço com pernas tão curtas, mas o espaço mínimo nos demais assentos me deixa sufocada!).
Peguei meu livro já lamentando ter perdido o gatíssimo de vista pelos saguões do Galeão. Comecei, então, a ler de verdade.
Nesta hora, o comissário se aproximou e me pediu licença. Levantei os olhos e vi que ele estava acompanhado pelo moço moreno. Perguntou se ele poderia sentar-se ao meu lado, já que ele precisava de lugar para acomodar as pernas.

"É óbvio que pode né, moço? E eu vou lá me negar a viajar ao lado de um bofe desses?"

Respondi que sim com um sorriso e voltei ao livro numa encenação digna de Oscar!
Aquele perfume maravilhoso já invadia meu cérebro fraco e inconseqüente há alguns segundos.
- Esse livro deve ser interessante, pois você não tira os olhos dele desde que sentou na sala de embarque...
E eu só consegui responder:
- Nem tanto... Mas serve pra passar o tempo!

"Como assim 'nem tanto'??? Demorou horrores pra eu, finalmente, adquirir!"

- Pelo sotaque, é de Porto Alegre...
Então, lentamente eu fechei o livro e olhei os olhos (e o pescoço... e o resto todo...), enquanto ele falava e falava e falava...
E eu sorria, sorria e sorria 'abobadamente' sem ligar muito pro que ele dizia...
- Hã?
- Tô indo visitar meu namorado que faz doutorado em História.
- Ah... legal...


"Por onde anda meu 'gaydar' numa hora dessas? Nas nuvens? Como ele se desliga assim??? Devem ser essas antenas de aeroportos e seus radares ridículos que interferiram no meu sinal! Bem vestido, lindo, usando Acqua Di Gio na medida exata? Só podia ser gay!!! "

Ganhei do Antônio:
E repasso para:




Que são paradas obrigatórias pra mim faz tempo!

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