quarta-feira, 1 de abril de 2009

Às vezes, Caio... (republicando)


Subi correndo no primeiro bonde, sem esperar que parasse, sem saber para onde ia. Meu caminho, pensei confuso, meu caminho não cabe nos trilhos de um bonde.*

Estamos sentados a uma distância de mais ou menos 5 metros. Tem muita gente entre nós. Eu acho que o reconheço pela camisa. Ele adora esta camisa. Mas ele também não se importa muito com modas e estilos. Raramente compra algo pra vestir. Só quando realmente precisa. Sapatos então... usa até gastar.

Mas seria tão indelicado referir-me a seus sapatos de pano como uma imperfeição...*

Os tênis parecem que estão se desintegrando por algum corrosivo químico. Não importa. Eu gosto assim.

Não, você não sabe, você não sabe como tentei me interessar pelo desinteressantíssimo.*

Acho que, mesmo não pensando em estilo, ele consegue impor um estilo bem característico. E foi isso que me fez olhar pra ele com interesse. E é engraçada essa falta de vaidade. O cabelo não vê um pente há anos. A barba só é feita quando já tá arranhando demais o pescoço.

...sentiu a luz acesa do interior da casa filtrada pelo vidro cair sobre sua cara de barba por fazer, três dias.*

Só tem uma coisa que ele não dispensa: o perfume. E como eu gosto daquele perfume. Só dele.

Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto...*

Não lembro de conhecer outra pessoa que use o mesmo perfume- e ele o usa há anos. E jura que não usa quando perguntam. Diz que é o amaciante da roupa ou o sabonete. Acho que pelo jeitão dele, as pessoas acabam acreditando. Ninguém diria que ele passa perfume antes de sair de casa.

E gosto das tuas histórias. E gosto da tua pessoa. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá-las, diminuí-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.*

Pois é... ele tem suas extravagâncias. Prefere vinhos italianos, adora Häagen-Dazs, lê os livros em seu idioma original (inglês, francês ou espanhol) porque diz que a tradução distorce o sentido real das palavras.

Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.*

São esquisitices que o tornam único. Principalmente porque quase ninguém sabe dessas particularidades. Ele não é arrogante, nem gosta de se exibir. E eu, olhando pra ele, agora com o rosto grudado no vidro, e com a essa chuva lá fora...

...só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando!*

Na verdade, ele prefere ser exatamente este cara que eu vejo discretamente levantar agora. Mais um na multidão. Mais um no meio de tanta gente. Invisível aos olhos de tantos. Totalmente destacado aos meus. Me enxerga e já abre aquele sorriso que eu amo. Só que eu estou à frente e tenho que descer antes. Espero. Ele desce. Rimos. Então ele me diz:

- Abraça a sua loucura antes que seja tarde demais.*
- Minha loucura, por acaso, seria tu?


* Caio Fernando Abreu.

In: O ovo apunhalado. Porto Alegre: Globo, 1975; Morangos Mofados. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982; Triângulo das Águas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983; Pequenas Epifanias, crônicas (1986/1995). Porto Alegre: Sulina, 1996; Caio 3D - O melhor da década de 1980. Rio de Janeiro: Agir, 2005.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Endorfinas X TPM...



Cheguei cansada e resolvi dar uma caminhada no parque. Tudo pra ver se colocava uma dose extra de endorfina no corpo. Endorfina, aumento da autoestima... essas coisas que mulher entende muito bem! O resultado da caminhada não foi o esperado. Voltei mais cansada ainda. Me joguei no sofá e assisti "Sonhos", do Kurosawa, pra relaxar (emoções boas = endorfina na veia!). E foi aí que o inusitado começou a acontecer: vontade louca de comer pêssegos. Sim, pêssegos. E eram quase 22h!!!

Tive que me tocar pro supermercado mais próximo. E é claro que saí praticamente do jeito que eu tava. Passei pelas ruas lotadas de gente e não dei a mínima. Cheguei lá e fui direto para o alvo - eles: amarelos, suculentos, redondos (era o prazer de comê-los que me traria a satisfação = endorfina!)...

Até que eu me vi refletida em um dos espelhos da sessão de frutas... Aliás, que mania é essa de colocar espelhos por toda parte? Nossa, a moça que eu vi no espelho era a materialização de uma fugitiva do hospício. Cabelo preso, olheiras fundas, maquiagem praticamente zero e extremamente gorda. Desviei rapidinho o olhar e escolhi os pêssegos depressinha pra me mandar dali.

Foi exatamente quando eu ia pra balança, que aconteceu. Aquele sorriso gigante, vindo daquele homem gigante e um "Oi, vizinha!" que me fez me sentir ainda pior: além de descabelada e assustadora, agora eu estava NUA!!!!

É impressionante como certos olhares e sorrisos têm esse poder sobre mim. Esse, em particular, mexe comigo desde a primeira vez que vi o no corredor. Ele é a personificação dos meus sonhos... pelo menos fisicamente falando!

E eu lá, a própria "bruxa malvada e verruguenta" olhando, sorrindo e dizendo um: "Oi" que quase nem saiu (será que saiu?).

Mas nem importa... ele continuou: "Hummm... pêssegos? Também gosto."

A retardada: "Pois é... vontades que vêm do nada."

Ele: "Sei bem como é..."

Assim que a moça acabou de pesar eu me despedi e saí praticamente correndo. Acho que ele falou algo que eu entendi como um "Até mais ver" e eu só sorri de volta. Na verdade queria que se abrisse um buraco no chão pra eu sumir. Não, eu não sei o que ele estava comprando (ele tinha algo na mão, podia ser uma melancia que eu não veria). Também não sei se ele estava de roupa ou sunga. Não reparei nem se ele estava falando em inglês!!! Só quis voltar pra casa o quanto antes pra evitar que ele "me acompanhasse até a minha porta".

Ai, tudo culpa dessa TPM que veio exagerada este mês: estou exageradamente inchada, dolorida, comilona, desastrada e insone.

E a endorfina? Ah... acho que aquele sorriso e os pêssegos funcionaram! rsss...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Do outro lado...



E daí que as minhas duas parceiras resolveram arranjar gatinhos na festa.

Parti pra ignorância e comprei uma caipirinha enorme de morango com vodca. Bastou pro riso ficar mais solto e pra eu começar a ficar bem simpática. E precisava de companhia, afinal de contas. Então, fui à luta.

Três caras rindo pra caramba. Obviamente já haviam bebido horrores e estavam se divertindo.

- Posso ficar aqui com vocês? Minhas amigas estão namorando e eu fiquei sozinha.

- Claro que pode!

- Vocês têm certeza que eu não vou atrapalhar nada?

- Nada! Hoje a gente veio pra beber e rir.

- Beleza. Eu sou a Mary.

Devidamente apresentados, começamos a nos divertir do jeito deles. Só que um deles não parava por ali. E quando parava, ficava dando em cima de mim!

Foi aí que uma delas me chamou de canto:

- Fica com ele! Eu achei ele uma graça... Fica com ele POR MIM!

Como eu sou solidária, acabei conhecendo uma das criaturas mais divertidas com quem eu já tive algo. Não deu nem pra me arrepender. Acabamos nos encontrando outras vezes e em todas elas foi incrivelmente bom.

Gosto dele (de graça) até hoje, mesmo ele estando do outro lado do mundo.

domingo, 8 de março de 2009

Mulher... Todas Elas Juntas Num Só Ser.


Minha homenagem hoje é para as minhas amigas mulheres.
Deixo aqui a música do Lenine que eu mais amo, justamente porque se trata de uma real homenagem à mulher.

E aos meus amigos homens, que sabem valorizar o que há de melhor em suas mulheres (mães, avós, irmãs, filhas, amigas, amantes), dedico meu imenso carinho e admiração.

E não só no Dia Internacional da Mulher, mas sempre:


"Feliz dia a vocês, pessoas especiais!"



quarta-feira, 4 de março de 2009

Nomes, rótulos e afins...


... e não vejo razão alguma pra darmos um rótulo pra esse lance que estamos vivendo hoje. Nos faz bem, não faz? Então... Pra que dar um nome? Não vejo motivos pra ficarmos por aí expondo as nossas vidas e passarmos a ser vigiados por aqueles que nos conhecem. Acho que eles acabarão deduzindo que nos damos bem, que temos muito em comum, que estamos aproveitando tudo isso ao máximo. Nada de nomes, ok? Qual o significado de um nome, nesse caso? Que diferença faz? Namoro, rolo, caso... O que importa é o que a gente sente de verdade. O que importa é o que fazemos com 'isso que a gente sente de verdade'. E acho que estamos fazendo a coisa certa. Não dá pra negar que eu me sinto muito mais leve nos últimos dias, muito mais sorridente, muito mais feliz... Prefiro não dar nenhum nome, por enquanto. Pra mim não faz muito sentido falar em amor, paixão, afeição... Gosto das coisas do jeito que elas estão. Gosto do rumo que elas estão tomando. Gosto do teu cheiro. Gosto dos teus olhos. Gosto das tuas manias. Gosto de ficar contigo. Ah, quer saber? Para de me olhar com essa cara de quem tá morrendo de vontade de rir e me beija, vai! Senão... eu saio por aquela porta agora mesmo e não volto nunca mais! Não volto mesmo! A menos que... tu me chame de volta.


PS: hoje é meu dia de postar também lá no Banheiro Feminino! Passem lá.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Como?



E às vezes eu me pergunto:

Como ser tão feliz?

Como sinto que as coisas estão todas nos seus lugares e do modo que deveriam estar?

Como existe essa a confiança de que tudo dá sempre certo no final do dia?

Como estar tão bem simplesmente vivendo o presente, o dia após dia?

A resposta pode não ser direta, mas tenho reais e efetivos motivos pra ser feliz exatamente como sou e com o que eu tenho.

Sou uma pessoa.

Sou de verdade.

Sou verdadeira.

Sou suficientemente humana para amar e ser amada, detestar e ser detestada (com a mesma intensidade).

Tenho a plena certeza que sou fruto das minhas escolhas, sendo elas corretas ou equivocadas.

Posso pecar pelo excesso de confiança, jamais pela falta.

Sendo assim, isso sou eu?

Sou talvez muito mais... ou muito menos. Depende do referencial.

Mas a pergunta sempre volta:

Como ser tão feliz vivendo assim tão simples?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Rituais...

Inevitável. Há anos esse ritual se repete. E não importa se ele ou ela estão namorando. Simplesmente não conseguem fugir. Ela costuma dizer que ele não é 'tão maravilhoso assim'. Ele se conforma em pensar que isso já faz parte de sua vida.

Inconfundível. Ela chega à cidade, ele a vê pelas ruas. Começam então as mensagens, as ligações de madrugada. Na primeira festa em que se encontram e na qual passam a noite inteira fingindo que não se notam, é só esperar o final. Em um desses finais de festa, eis que se encontram novamente. Ele vem com o mesmo papo de carona. E ela com o mesmo sorriso de 'sei bem o que isso significa'. Depois de se livrarem das possíveis interferências, entram no carro e vão pro lugar de sempre. É como um filme que a gente vê várias vezes e não cansa. É como aquela música que a gente já decorou o refrão.

Indeterminável. O engraçado é que jamais trocam impressões sobre suas vidas. Sequer falam de suas 'situações amorosas' ou da vida profissional. É uma coisa meio maluca. Encontros furtivos em madrugadas geladas. Sem muitas expectativas, sem nenhuma cobrança.

Inexplicável. Não há qualquer necessidade de se explicarem. O que existe ali é a liberdade que cada um cultiva em si. A liberdade do segredo bem guardado. Sem pressa, sem falatório, sem mentiras, sem planos. É o momento em que o mundo lá fora simplesmente não importa e as criaturas que nele habitam estão completamente absortas em seus sonos e sonhos.

Inestimável.
No quarto há algumas evidências de presença feminina recente. E freqüente. Ela finge que não vê porque realmente não interessa. Ele mostra os novos peixes do aquário porque sabe que aquele aquário a fascina. E ele adora observar ela olhando com interesse. Parece que aquilo é tão ela... É tão dela. Ninguém mais nota o aquário. Ele então sorri um sorriso leve e despreocupado. Como se, com seus sorrisos, dissesse tudo o que ela precisa ouvir. Ela devolve com olhares sinceros. Aqueles olhares de cumplicidade em que não há malícia, nem maldade, nem compromisso.

Inflexível. Ela acha tudo muito divertido. Ele acha tudo muito perigoso. Ela está ali por diversão e ele, por aventura. A clandestinidade tem diversas faces. Diversão e aventura são sensações que viciam. Ele acaba se divertindo com ela e ela, se aventurando com ele. É uma troca, como qualquer relação.

Indecifrável.

- Sabe, eu penso que um dia a gente vai acabar casando...
- Pode até ser... Mas quem é que vai querer casar com a gente?


PS1: Hoje é dia de bater ponto lá No Banheiro Feminino.

PS2: Estou republicando alguns antigos textos do meu antigo blog. Mas são meus! E eu amo eles demais... Além disso, a falta de tempo não permite que eu tenha muita novidade pra contar.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Assim caminha a humanidade...

Oi,

Está tudo bem comigo, se é o que quer saber. Na verdade, minha vida segue. Bem melhor que há alguns meses. Não, não estou melhor porque não estamos mais juntos.

Ainda vai levar um tempo pra fechar o que feriu por dentro...

Melhorei porque aconteceram coisas novas. Novos projetos, novos resultados. Não, isso não te a ver com outra pessoa em absoluto. Se bem que... apareceu alguém sim. Um alguém que me faz rir, o que é bom. E só! Só o que eu preciso pra me sentir bem.

Natural que seja assim, tanto pra você quanto pra mim...

Eu sei. Tudo seria diferente se... se o que mesmo? Ah... é bom poder te ver reconhecendo essas coisas. É por isso que eu resolvi respeitar esse teu afastamento. Não tenho nada contra ti mas, pelo visto, tu tens. É claro que eu coloco a culpa em ti!

Ainda leva uma cara pra gente poder dar risada...

Pois é... passei um bom tempo procurando minhas falhas no final da nossa história. E não encontrei nada que me comprometesse. Egoísta? Acho que sim. Egoísta é uma palavra que te descreve bem. Eu achei que era algo da tua personalidade e acabava relevando as vezes em que as coisas que me empolgavam te faziam sentir sono. Mais tarde eu percebi que só o que te agrada é que importa, né?

Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade...

Não, isso não faz com que eu te odeie. Eu já te disse que sentimentos ruins nunca vão fazer parte de mim quando o assunto for a tua pessoa. Aprendi tanto... Sobre relacionamentos, sobre homens, sobre sedução, sobre mim. E depois de tanto aprender, só posso te agradecer.
Sinto carinho por todos aqueles momentos em que ficamos bem. Não me arrependo de nada. O que falou mais alto? O meu amor é claro! Mas o meu amor por mim mesma.
Eu não podia mais viver sendo a tua válvula de escape. Sou muito pra ser só isso. Ah, estou sendo prepotente? Não acho. Estou sendo aquilo que sempre fui: sincera e franca. Sim, eu lembro das vezes em que tu me aconselhavas a não ser tão franca porque a minha franqueza beira à grosseria. Fazer o que se eu não tenho o esfíncter entre o cérebro e a boca? Quando vejo, já falei. Acho justo falar. Acho que falar o que incomoda liberta a alma. E faz dormir mais leve... Então, tenho que falar mais uma vez:

Não vou dizer que foi ruim... Também não foi tão bom assim...

Tá, eu sei bem que não vou te enviar isso tudo. Vou continuar respeitando o teu silêncio e o teu distanciamento. Mal sabes tu que eu sei que estás vivo e bem. Tenho meus informantes, sempre tive. E se estás bem, fico bem também. Afinal...

Não imagine que te quero mal... apenas não te quero mais!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

No caminho...


Mary: Nem demorou, achei que ficaria esperando horas aqui!

AS: E quando foi que te deixei esperando, meu amor?

Mary: Sei lá, tu falou que estava enrolado...

AS: Nada que te faça esperar... Que horas tem que estar lá?

Mary: 22h30. Como tu tá? Não te vejo desde o ano passado.

AS: Bem, na medida do possível, né?

Mary: Aconteceu algo que eu não saiba? Abriu o sinal!

AS: Não aconteceu nada em especial, mas putz, essa época do ano é foda! Tenho me sentido vazio, cheio de vontade de chorar, melancólico mesmo.

Mary: Ai, eu sei bem como é... Sensação de que falta alguém, né?

AS: Pois é... mas percebi que é sempre nessa época do ano. Vou por aqui porque acho mais prático, tá?

Mary: Aham... Nem me fala. É nessa época que eu tenho as melhores recordações de coisas boas que me aconteceram, tu sabe.

AS: Deve ser esse calor. A gente deve ter algum dispositivo que nos faz lembrar das coisas quando está calor porque o cérebro derrete os circuitos. E aí a gente faz a associação de calor com as coisas boas que aconteceram, pra fugir das sensações ruins que ele causa.

Mary: Pode ser... Vira à esquerda aqui que o trânsito é mais livre!

AS: É sério. No frio a gente fica mais racional, mais seletivo, mais exigente.

Mary: Deve ser essa a explicação praquelas loucuras que acontecem nos carnavais das massas. O povo sente calor e se agarra 'sem dó nem pena'...

AS: Bom, isso corrobora a nossa tese. Olha aquele idiota passando no sinal vermelho!

Mary: É um imbecil! Mas é complicada a sensação de carência dessa época do ano.

AS: Tem que se ter controle. E vigilância redobrada!

Mary: Ah, com certeza... Carência exagerada gera desgraça.

AS: Qualquer mendigo de rua pode se tornar o amor da tua vida em 10 segundos. O que esse cara tá fazendo? Quer se matar?

Mary: A placa não é daqui, deve estar perdido. Bom, estando carentes, a gente acaba caindo em qualquer papinho.

AS: Só que quando tocam aquelas músicas, quando vemos aqueles filmes e não temos em quem pensar, é esquisito.

Mary: Muito. É como se algo tivesse fracassado sem nunca ter acontecido.

AS: A gente precisa mesmo se apaixonar?

Mary: Eu prefiro não aceitar essa idéia! Entra na pista da direita...

AS: Então é melhor nos fecharmos em uma bolha e rezar pras 'águas de março' chegarem depressa.

Mary: Eu tenho que me controlar duplamente. Além de evitar beijar os sapos da rua, ainda me policio pra não ser ríspida com as pessoas que vêm me falar de suas vidas amorosas felizes.

AS: Comigo também é assim. A vontade que me dá é sair por aí destruindo lares. Mas aí eu me tranco e espero a vontade passar!

Mary: E aquelas criaturas que chegam achando o máximo ser solteiras, te chamam pra 'programas de solteiros' que sempre se resumem a sentar num bar e beber até esquecer a solteirice?

AS: Isso tem direto também... Será que preciso ir pro 2° andar do estacionamento?

Mary: Não, tem lugar aqui. E até parece que a gente veio ao mundo pra ficar celibatário... Que eu lembre das aulas de química, o elétron celibatário tá sempre doidinho pra encontrar um par!

AS: É, meu amor, não nascemos pra esse verão.

Mary: Definitivamente. Vamos nos mudar pra Islândia? Noruega? Sibéria? Caramba... Parece que tá cheio!

AS: Pois é. Vai ser o jeito. Hummmm... Acho que vou deixar o carro por aqui...

Mary: Nunca! Tem um casal aos beijos naquele carro ali. Deixa bem longe, por favor! Vou aproveitar que estamos aqui no aeroporto e ver o preço das passagens...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

"Entre razões e emoções..."


Escrever é um vício. Por mais que se tente, não há como fugir por muito tempo. Então vamos lá pra mais um bloco de coisas escritas por mim e lidas por
sei lá quem.
Na minha concepção, escrever tem que libertar. Por isso, não me
prendo a prazos, a temas, a obrigações.
Escrevo simplesmente porque preciso.
Escrevo meu modo de ver as coisas, o mundo, as pessoas.
Escrevo porque é meu jeito de responder: por escrito.


***Por isso, além do Sweet, hoje eu estou No Banheiro Feminino. Passa lá!

;)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Futebol de domingo


Grenal não é questão de vida nem de morte. É muito mais importante do que isso.

E ele é colorado doente. Ela, azul de gremista.

Em dia de jogos não falam de resultados. Em dias de Grenal, nem falam de futebol. Ignoram o evento entre si, como se nem existisse.

Se despedem e seguem cada um pro seu rumo: o jogo!

O maior clássico do futebol gaúcho é uma das únicas coisas nesta vida que é capaz de dividir tal casal por 90 minutos.

No meio do jogo, ele manda uma mensagem: " Eu ficaria feliz com um empate".

Ela responde: " Eu ficaria feliz se a gente concordasse..."

Grenal é Grenal!

Uma luta.

Uma guerra.

E guerra é sangue.

É raça.

É coração.

Ops... o coração dela é dele.

O dele é dela.

O Grêmio?

O Inter?

Ah... o jogo acabou!

O amor é um só... e não acaba assim não!


- Podemos não falar de nada hoje?

- "Nada disso tem valor... de que vale o paraíso sem o amor?"

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Meme musical

A me passou um meme musical que eu já tinha respondido no meu antigo blog... mas como os tempos são outros e as idéias são dinâmicas, adorei responder de novo!
Respondi tudo com músicas do Chico porque o Chico é o Chico... E na minha vida tem muito espaço pra ele sempre!
Também postei um trechinho de cada música, como a fez no dela, pra entenderem o porquê de cada canção.

As regras:

1.Escolher um cantor, dupla, grupo, como quiser;
2. A cada pergunta feita temos que escolher um título de uma música;
3. Nomear outros blogs para repassar o desafio.


1. És homem ou mulher?

Uma menina
(Chico Buarque)

Uma menina igual a mil
Que não está nem aí
Tivesse a vida pra escolher
E era talvez distraída
O que ela mais queria ser



2. Descreve-te

A Moça Do Sonho
(Chico Buarque)

Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás



3. O que as pessoas acham de ti?

Ela faz cinema
(Chico Buarque)

Ela é a tal
Sei que ela pode ser mil
Mas não existe outra igual


4. Como descreves o teu último relacionamento?

Tantas Palavras
(Chico Buarque)

Trocamos confissões, sons
No cinema, dublando as paixões
Movendo as bocas
Com palavras ocas
Ou fora de si
Minha boca
Sem que eu compreendesse
Falou c'est fini
C'est fini



5. Descreve o estado atual da tua relação

Sob Medida
(Chico Buarque)

Se você crê em Deus
Encaminhe pros céus
Uma prece
E agraceça ao Senhor
Você tem o amor
Que merece



6. Onde querias estar agora?

Hollywood
(Chico Buarque)

Ói nós aqui
Hollywood fica
Ali bem perto
Só não vê quem
Tem um olho aberto


7. O que pensas a respeito do amor?

Todo o Sentimento
(Chico Buarque)

Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.



8. Como é a tua vida?

Vida
(Chico Buarque)

Luz, quero luz,
Sei que além das cortinas
São palcos azuis
E infinitas cortinas
Com palcos atrás



9. O que pedirias se pudesses ter só um desejo?

Uma Canção Inédita
(Chico Buarque)

É valsa pra se ouvir por dentro
Pra se ouvir a sós
Pra não se dissipar ao vento
Com minha voz



10. Escreve uma frase sábia

Filosofia
(Chico Buarque)

Não me incomodo
Que você me diga
Que a sociedade
É minha inimiga.


Respondido. Adorei!

Repasso para:

- Luciana Andrade
- Antônio
- P_.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Como tem que ser

- Vem dançar!
- Eu não danço nada...
- Eu também não danço muito, mas precisava de uma desculpa pra vir falar contigo.

Tava na cara que era novinho demais. Porém a bebida já tomava conta do meu ser e aquele era o lugar no qual eu havia acabado de decidir que jamais voltaria.

Tá bom, tá bom... as desculpas eram esfarrapadas. Só que ele era uma graça! E uma graça com atitude (ponto pra ele).

Depois da festinha me acompanhou até em casa, caminhando pelas ruas do bairro... já de manhã! E ficamos conversando e rindo por mais de uma hora.

Pegou contato, mas eu tinha certeza que não ligaria. E ligou!

Depois nos falávamos pelo messenger. Assuntos bobos, futebol, risadas... Até que ele me chamou pra ver um filme. Pizza, filme, beijo na boca. E aquelas coisas que as pessoas fazem quando se entendem bem vendo filme, comendo pizza e beijando na boca, sabe?

E as coisas se repetiam porque as afinidades iam aparecendo. De um jeito natural, aquele lance "Eduardo & Mônica" divertia aos dois. E como a gente ria quando estávamos juntos. Piadas inteligentes. Humor ácido. Carinho equivalente. Sem disputas. Sem neuras e ciúme.

Cada encontro era leve como um sorriso. Como os muitos sorrisos que surgiam na cama ou no sofá, vendo TV ou simplesmente falando coisas a que ninguém daria nenhum sentido. Mas pra gente fazia todo sentido do mundo...

E não é assim que tem que ser?



**PS: hoje estou estreiando aqui.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Caixa de Entrada


Namorada recebe Namorado em casa. Namorada estava na Internet alguns minutos antes de Namorado chegar, verificando e-mails (inclusive os secretos), orkut, essas coisas. Então, Namorada vai pro banho e deixa Namorado usando o computador pra fazer as mesmas coisas que ela estava fazendo, antes de saírem pra uma pizza, um cinema ou algo que o valha.
Pois não é que o provedor de e-mails de Namorado é o mesmo de Namorada? E é aquele bendito que pede várias confirmações pra sair da conta, antes de efetivamente fechar?
Acontece que, na pressa, Namorada não confirmou todos os ‘desejos’ de sair. E Namorado acabou na caixa de entrada dela, por acidente. Não foi por acidente, porém, que ele resolveu abrir e ler uma mensagem com um ‘assunto’ meio suspeito.
Olha, o que dizia exatamente na mensagem, eu não sei. Mas foi o suficiente pra ele pedir explicações pra Namorada assim que ela saiu do banho.
E ela se enrolou pra explicar que se tratava de Casinho, um rolo que ela teve quando eles estavam brigados, nada de mais. Que já havia inclusive avisado o cara que estava namorando, mas que o cara insistia.
Então Namorado exige:


- Escreve um mail agora pra ele falando isso. Na minha frente.


Eis a resposta de Namorada ao e-mail de Casinho:


“Já te falei que estou namorando.
Por favor, não insista!”


No outro dia, ela foi contar às amigas do ocorrido. Disse ter ficado chateada porque a intenção era manter Casinho em stand by. Afinal, vai saber quando se precisa de um bofe, não é mesmo?
Foi então mostrar o tal e-mail pra elas, quando viu que Casinho havia respondido. Todas riem até hoje da história!
A resposta? Ah... o mais engraçado de tudo! Aqui está:


“Se falou, não foi pra mim.
E eu nunca insisti!”


*livremente adaptado

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Reencontro


Era chegada a hora de nos reencontrarmos de novo. Depois de algum tempo as coisas haviam mudado um pouco. Acho que me aproximei demais de uns e me distanciei demais dos outros. Bom mesmo era quando nós éramos um só. Os cinco. Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse e eu. A gente se divertia. Tínhamos todas as histórias em comum e um pouco mais que histórias. Não eram incomuns nossas noites inteiras de filosofia de bêbado e vinho vagabundo... e idéias baratas que nos eram tão valiosas. Quase ninguém entendia como eu poderia estar ali no meio deles. Mas quem nos via de perto sabia. Cada um de nós era peça fundamental no tabuleiro. Cada um de nós fazia um tipo de jogada e a movimentação de todas as peças é que fazia o jogo acontecer. E agora? Dá um nervoso quando a hora se aproxima. Parece a noite de Natal e a espera do Papai Noel. Olho praquele portão e ele não aparece. Olho pra trás e não vejo nenhum dos outros. Será que acabou? Dá tristeza. Mas eis que reconheço um sorriso no meio das pessoas que desembarcam. E o sorriso vem dos olhos. Saudade desse jeito de sorrir com os olhos. Cada vez ele sorri mais... e eu começo a me emocionar. Olho pra trás mais uma vez e os três bocós chegam juntos! Parece filme quando nos abraçamos os cinco ao mesmo tempo e eu choro.

- Ah, não... Deixa de ser mulherzinha!


* Depois de algum tempo as coisas nem mudaram tanto assim, afinal de contas.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Sobre a farsa...

Os posts que estavam aqui, estão agora em outro endereço:

http://a-grande-farsa.blogspot.com/

Quem tiver olhos pra ler, que leia!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Pra começar...


"... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de.
Apesar de, se deve comer.
Apesar de, se deve amar.
Apesar de, se deve morrer.
Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de
que nos empurra para a frente.
Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de
minha própria vida."

Clarice Lispector



Por tudo isso, e por tudo aquilo que muita gente já sabe...

Apesar de, eu continuo escrevendo.



PS: Feliz Aniversário, Thiago!

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