Cheguei cansada e resolvi dar uma caminhada no parque. Tudo pra ver se colocava uma dose extra de endorfina no corpo. Endorfina, aumento da autoestima... essas coisas que mulher entende muito bem! O resultado da caminhada não foi o esperado. Voltei mais cansada ainda. Me joguei no sofá e assisti "Sonhos", do Kurosawa, pra relaxar (emoções boas = endorfina na veia!). E foi aí que o inusitado começou a acontecer: vontade louca de comer pêssegos. Sim, pêssegos. E eram quase 22h!!!
Tive que me tocar pro supermercado mais próximo. E é claro que saí praticamente do jeito que eu tava. Passei pelas ruas lotadas de gente e não dei a mínima. Cheguei lá e fui direto para o alvo - eles: amarelos, suculentos, redondos (era o prazer de comê-los que me traria a satisfação = endorfina!)...
Até que eu me vi refletida em um dos espelhos da sessão de frutas... Aliás, que mania é essa de colocar espelhos por toda parte? Nossa, a moça que eu vi no espelho era a materialização de uma fugitiva do hospício. Cabelo preso, olheiras fundas, maquiagem praticamente zero e extremamente gorda. Desviei rapidinho o olhar e escolhi os pêssegos depressinha pra me mandar dali.
Foi exatamente quando eu ia pra balança, que aconteceu. Aquele sorriso gigante, vindo daquele homem gigante e um "Oi, vizinha!" que me fez me sentir ainda pior: além de descabelada e assustadora, agora eu estava NUA!!!!
É impressionante como certos olhares e sorrisos têm esse poder sobre mim. Esse, em particular, mexe comigo desde a primeira vez que vi o no corredor. Ele é a personificação dos meus sonhos... pelo menos fisicamente falando!
E eu lá, a própria "bruxa malvada e verruguenta" olhando, sorrindo e dizendo um: "Oi" que quase nem saiu (será que saiu?).
Mas nem importa... ele continuou: "Hummm... pêssegos? Também gosto."
A retardada: "Pois é... vontades que vêm do nada."
Ele: "Sei bem como é..."
Assim que a moça acabou de pesar eu me despedi e saí praticamente correndo. Acho que ele falou algo que eu entendi como um "Até mais ver" e eu só sorri de volta. Na verdade queria que se abrisse um buraco no chão pra eu sumir. Não, eu não sei o que ele estava comprando (ele tinha algo na mão, podia ser uma melancia que eu não veria). Também não sei se ele estava de roupa ou sunga. Não reparei nem se ele estava falando em inglês!!! Só quis voltar pra casa o quanto antes pra evitar que ele "me acompanhasse até a minha porta".
Ai, tudo culpa dessa TPM que veio exagerada este mês: estou exageradamente inchada, dolorida, comilona, desastrada e insone.
E a endorfina? Ah... acho que aquele sorriso e os pêssegos funcionaram! rsss...