sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Vou ali*...


...e volto já!

Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho...


O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho...


Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade...


Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver...


Vou te contar...


(Tom Jobim - Wave)

*aproveitando o feriado de terça.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Só um?


Acho que a gente cresce com essa idéia. Talvez sejam as revistas adolescentes (na minha época eram a Carícia, a Querida e a eterna Capricho). Os filmes românticos e as novelas também nos fazem acreditar. Ah, também tem os contos de fadas... Talvez nossas avós, nossas mães, as tias mais velhas... Sei lá, mas em algum momento é interiorizado em nós que só há um amor pra se viver nessa vida.
Sim, paixões pode haver várias... Mas amor, aquele de verdade, que arrebata a existência, que aquece o coração, que eleva a alma, que faz bem ao corpo e à cabeça. Esse só acontece uma vez. Por isso esperamos pelo príncipe encantado, lindo, dócil, gentil, carinhoso, altruísta, compreensivo, educado, atencioso, simpático, sincero, franco, leal, fiel, caridoso, solidário.
Ele não vem (claro, porque esse aí nem existe no planeta Terra), mas a gente acaba achando alguém que, após algumas (nem sempre leves) concessões, se encaixa ao que idealizamos em um amor verdadeiro. A gente então abre mão de algumas características, e explica pras pessoas que ele é humano, é homem, é um pouco infantil em relação a nós, tem algumas prioridades que são, na maioria das vezes, masculinas, como carreira, carrão, grana no bolso.
Então deixamos de lado aquela idéia do combo “construir nosso futuro juntos - planejar nossas viagens - projetar nosso lar – fazer economias que garantam nosso futuro”. Afinal, eles acabam convencendo a gente de que é melhor assim. Sonhar junto é coisa de mulherzinha romântica.
E nos entregamos por completo, somos arrebatadas. Todos os amigos percebem a luz no olhar, o sorriso nos lábios. E sentimos o calor dentro da gente, o coração em festa e a alma flutuando.
"É ele! O único amor da minha vida. O amor que eu sempre quis e esperei."
À medida que o tempo passa, porém, percebemos que as coisas tomam um rumo estranho. Que o esforço para manter tudo nos trilhos é unilateral. E pior, é do nosso lado. Protestamos essa idéia, a afastamos da cabeça em algumas noites de insônia, tentamos contornar a situação com lealdade, fidelidade, gentileza, altruísmo, compreensão...
Só que chega uma hora em que não dá mais. É triste reconhecer o fracasso de um amor que nos custou muito para dar certo. Que nos custou a vida toda pra encontrar. E o problema não está nele. Ele sempre foi assim. Ele é humano, não é? Quem mudou pra que tudo desse certo fomos nós. Mas quem somos nós mesmo? Quando foi que nós nos perdemos? E onde foi que ficamos?
Não importa. “Meu bem, o problema não é você. Sou eu.”
E então começa tudo de novo. Porque a vida é cíclica, afinal de contas.

- Ei, mas peraí... Cadê aquele papo de que só há um amor pra se viver na vida?
- Hi... não sei. Mas eu confesso que nunca acreditei muito nesse papo. Um só? Ah, não! Eu já tô na quinta tentativa. É que eu sempre li Vinícius de Moraes... desde a adolescência.


Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

(Vinícius de Moraes - Para viver um grande amor
(crônicas e poemas) Rio de Janeiro . Editora do Autor. 1962)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Me mordo?




Ciúme é:

[ ] Desejo de que o ser amado somente tenha olhos (ouvidos, boca e nariz) voltados para seu par
[ ] Reação exagerada frente à remota possibilidade de perder seu benzinho
[ ] Questão de proteção em relação a pessoas que (eventualmente) estejam por aí doidas pra saltar no pescoço do cônjuge alheio
[ ] Máscara pra insegurança e pra baixa autoestima
[ ] Outra resposta

Digam o que quiserem, mas pra mim ciúme não é fundamental! Até hoje ninguém me convenceu de que há algum tipo de ciúme saudável.
Ciúme sempre me sufoca, me espreme, me asfixia...
Como ser feliz com a eterna sensação de insegurança?
Parafraseando Luiz Caldas: “Haja amor!” (Ai, morri!)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Alguém aí já viu (e sentiu 2010)?


(Imagem: www.bicodocorvo.com.br/)


Por mais que eu já tenha voltado de férias (férias inventadas, porque eu nem tenho férias oficialmente), parece que o ano ainda não 'engrenou'.
Não gosto de usar aquelas generalidades e frases que se repetem ano após ano de que "o ano só começa depois do carnaval", mas começo a acreditar que as pessoas estão realmente levando isso a sério.
No campus, apenas um serviço de cópias está funcionando. Somente um dos restaurantes. Os postos bancários tem horário 'de verão', bem como as linhas de ônibus. As poucas pessoas com quem me encontro pelos corredores estão se arrastando, como que por obrigação.
Mas não é só por aqui. Na cidade, os supermercados e lojas estão uma paz só... Isso contrasta imensamente com as últimas semanas do ano. Deve ser por isso que eu tenho estranhado tanto.
Mesmo com os tantos prazos que tenho a cumprir, as pilhas de coisas pra ler e escrever, os experimentos pra realizar e repetir, ainda assim eu não consigo "me inserir" em 2010.
Não há falta do que fazer. Há (muita) falta de motivação.
E eu jurava que voltando pra cá, tudo voltaria ao ritmo normal.
Doce ilusão...
Sweet delirious...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As mulheres do David Coimbra



Há alguns dias estou lendo o David Coimbra. Confesso que jamais havia lido livros dele. Talvez algumas olhadelas na coluna da ZH. Alguma vez passei pelo blog também. Mas livro? Nenhum!

Eu já admirava o David... mesmo porque ele fala muito bem de futebol (muito bem, pelos meus parâmetros futebolísticos). Me diverte o jeito com que ele trata de um assunto sério, como o futebol de verdade, com inteligência e bom-humor (até quando estamos nos afundando no campeonato).

Eis que o moço-que-se-relaciona-comigo-e-diz-me-amar me dá de presente, na volta das minhas mini-férias, o “Jogo de Damas” pois eu, segundo ele, sou ‘a menina que devorava livros’ e ele deve me alimentar com frequência.

E aí... eu me apaixonei pelo jeito que o David escreve! Muito inteligente a extensa pesquisa histórica que ele realizou pra construir uma obra falando de mulheres e do poder que elas exercem sobre o mundo através dos tempos.

Numa teia de fatos que se relacionam desde a pré-história até os tempos modernos, há evidências sérias (e muito curiosas) da influência feminina sobre governos, governantes e governados.

Passando por algumas deusas gregas, algumas belas romanas, uma certa rainha do Egito, uma tal viúva negra espanhola que arrasou na Itália, por exemplo, mostra exemplos rais de mulheres que desorientaram chefes de estado, chefes de família, imperadores, generais, poetas, músicos...

Pra quem ficou curioso, uma pequena amostrinha:

"Cláudio era um desses homens destinados à cornice irremediável. Pelo menos três
mulheres o traíram. Mas uma delas em especial. Uma foi a maior adúltera do
Universo. A mulher mais lasciva, mais sensual, mais ninfomaníaca. A maior vadia
da Civilização.
Valéria Messalina.
Você ouviu o som das trompas e dos
clarins troando? Sim, porque, cada vez que o nome de Messalina é citado, soam as
fanfarras. Que união explosiva, a do maior corno com a maior libertina de todos
os tempos. Ou talvez tenha sido Messalina quem transformou Cláudio em um
supercorno. É: de alguma forma, Cláudio foi uma criação de Messalina."

(in: Jogo de Damas, David Coimbra, L&M Pocket, 2007)

Viram? Pois eu recomendo a leitura. Como afirmei antes, virei uma fã fiel do David. Mais uma doida pra coleção de mulheres malucas que ele descreve.

E vou procurar mais livros dele pra ler.

PS: Pois é, voltei...

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